terça-feira, 27 de setembro de 2011

L'avventure

1. Aniversário
             Sempre tive tudo o que pedia. Morava em um tipo de fazenda em meu lindo e maravilhoso país, com direito a galinheiro, cabras, cavalos, ovelhas, carneiros e diversos tipos de legumes, verduras e frutas.
  Em qualquer tipo de feriado viajávamos para qualquer parte do mundo que eu quisesse. Cada emenda e feriado íamos para um lugar diferente.
  De tantos lugares desconhecidos e diferentes, bonitos e exóticos, a viajem que mais adorei foi a de mil novecentos e oitenta e cinco: no natal. Fui para Moscou, na Rússia e fiquei lá até dia seis de janeiro, dia de reis. De tantos feriados, o meu predileto era o natal e o mais santo e esperado era o finados.
  Com certeza éramos a família mais feliz do mundo, após muitas catástrofes.
  Minha irmã gêmea morreu no parto pelo meu cordão umbilical que, infelizmente e acidentalmente, a enforcara. E as catástrofes não param por ai: no ano que fiz dois anos de vida, minha mãe estava grávida de nove meses, quase parindo meu irmão, quando ela bateu em algumas pedras. Dormiu durante uma semana, quando acordou, soube a notícia de que seu bebê não sobreviveu. Ficou depressiva ao extremo, foi levada ao manicômio. Durante três meses lutou contra esta cruz em suas costas, sem vontade e esperança de recuperação. Ao final do terceiro mês, a cruz era mais forte
  Meu pai era prisioneiro em uma penitenciária do Brasil, no estado de São Paulo. Ele foi preso injustamente por homicídio, sendo que, na verdade, armaram para ele. Nunca o conheci.