domingo, 1 de janeiro de 2017

Maldições

Gostaria que teu corpo inflamasse
Como o meu, e sentisse dolorido
Tão profundo, que visse o osso descolorido
Como se apanhasse de um chicote que não visse.

E que sentisse esta Dor escura,
Cegando tua vista como uma navalha
E sentisse na cabeça o peso de uma enxada
E fora escutasse teu estomago de fervura.

E se visse acordada na maca de um legista
E que esta Dor, ora fosse um rato, ora uma vela
Que queimasse e mordesse com raiva tua canela
E que todos a olhassem como uma vigarista.

E ao espelho vomitasse por teu próprio rosto
Pálida e doente, sem unhas sobre os dedos.
E essa Dor te convencesse de todos os medos.
E desta vida não tivesse mais gosto.

E se visse urinando pelo chão como um demente
E sentisse tua lividez ainda moribunda
Fosse julgada pecadora e delas fosse a mais imunda.
Amarrada e forçada a comer sem ao menos um dente.

E que assistisse teu profundo coma de uma poltrona fútil,
Viva, desenganada, e, vencida por esta Dor carrasca
E inalasse teu próprio cheiro podre de tua casca
E como eu, se sentisse uma alma descrente e inútil.

Rastejando pelo chão como um lagarto,
Sem perna, cega e, por esta Dor, muda.
E como se há dez anos sentisse dor de parto.

Gritando à Morte sem  que ela escutasse
Mas o que penso? Meu Demônio gostaria,
Que das maiores torturas me amasse!


D. R. C


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Amor caiu em desgraça

Noite de chuva
Lugar para lágrimas
Refúgio das dores
Acolha-me em teus doces e frios braços
Afaga-me a alma solitária
Oh doce morte
Porque não me leva em teus braços?
Porque não me acolhes?
Porque não me visitas?
Neste meio da Dor de minh'alma
O que te peço é um pouco de alívio
Um pouco de sonho
Um rápido colo amigo
Quando me deixaste, leve tudo o que há em meu ser
Nada deixe em mim
Imploro que leve meus sonhos e memórias
Deixe em eterno torpor
Pois com essa Dor carrasca
Que me dói, me castra
Não me deixa nem em meus mais profundos sonhos
Não posso viver
Assim sem você.

sábado, 22 de junho de 2013

Perseguição da noite

Olhos cansados
Estradas sombrias
Caminhos curvados

Em meio a escuridão
Lágrimas caídas percorrem despercebidas
Em meio ao som desta solidão

O vazio que sinto
Os olhares que me percorrem
Lembranças invadem meu canto
Sinto-me inválida
Sinto-me invadida

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Anna

Café frio,
Doce sombrio.
Minha garganta ressecada
Por não comer, beber quase nada

Gritos de louvor,
Sons de dor,
Meu estômago seco
Minha testa doendo
Estou fudida

Vozes externas falam para comer
Vozes internas gritam não
Não sei o que fazer
Entro em colisão

Oh doce Anna,
Ajude-me a escolher
Qual voz seguir
Faça-me linda, sentir

Desejo, almejo
Em meus ossos repousar
Ossos sobre pele estar
Sem gordura, nem carne
Sem estrias, só mármore
Sentir meu coração, tango dançar
Meus pulmões pular

Quero sentir, ver e ouvir
Meus órgãos e a Anna sorrir,
Quero ver diante de um espelho,
A guria magra que eu anseio

Neste gole ofegante
Vejo um café calmante
Levando minha sede,
Peço que, minha fome, vede

Pensamentos manifestantes de meus dias

Sentada em um canto vago, quero morrer
Penso em como seria,
Deitar em um caixão acolchoado e com flores, sem sofrer
Em fim sem sofrimento, como eu gostaria

Manifestos explodem em ruas,
Vejo do alto pontos brilhantes, estrelas cruas,
Podemos continuar?
Aqui, neste mundo, posso ficar?

Já não vejo mais
Futuro? Para mim, tanto faz.
Uma utopia de vida seria
Deitar à sete palmos abaixo de terra fria

Já não mais corro, não mais ando
Porque não continuar chorando?
Porque não consigo, não sei
Minhas lágrimas, talvez, secaram
Eu hei de morrer, ah eu hei

Já não posso mais continuar com esta mentira,
Com esta farsa,
Pergunto se alguém ainda acreditaria
Se eu dissesse que sou feliz e que nada me passa.

Já não me importo em viver,
Em estar, em sentir
Em tocar, ver,
Não mais me importam os pensamentos alheios
Eles só me fazem rir

Com ironia,
Sem alegria
Vejo cães a morrer,
Pessoas, de fome, sofrer

Ando pelas ruas
Pernas passam nuas,
E meu desejo é que um carro qualquer
Ou homem ou mulher
Atinja-me, com balas
Ou com carro me bater...

Sei lá, só quero poder
Em fim morrer
Dormir em um caixão colchoado
E, mesmo que ele fosse chacoalhado
Não acordar,
Pois estaria em paz...

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Perfeição

"Que meu corpo seja usado em aulas de anatomia, não me importo, estarei feliz, pois meus ossos estarão a amostra e minha gordura terá ido embora. só assim voarei como um pássaro."

 Dark Raiser Connors

domingo, 25 de novembro de 2012

Poesia Suicida. - Te chamarei de amor por mais um tempo,até eu entender que a saudade não vai passar mais que você já passou.


“Não caíram lágrimas, mas eu quis chorar. Não saiu uma só palavra, mas eu quis te dizer.
Eu quis te gritar pra não ir,quis pedir pra ficar e te dizer: ” ah amor, deixa tudo pra lá”.
Não, fiquei quieta. O silêncio ecoou em você e voltou pra mim. Deixando claro, nosso amor acabou.
E agora sou só eu. E é só você.
Só o ponto final num pote de reticências.
Adeus, enfim… Amor.”

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Sexta Nebulosa

Quem disse que seria fácil ?
Quem disse que tudo o que temos é ilusão?
Eu só queria ser um pouco ágil
Sentir novamente pulsar meu coração

Estou sozinha
Regalei-te, cega, com meu coração
Assim que tu me encantaste com esta doce carinha
Quando sorriu, senti reviver
Minha pulsação

Agora estou confusa
Tu ainda almejas minha companhia?
Ainda queres brincar com esta Medusa?
Ou me deixarás aqui, como muitos, sozinha...

Olhes para mim,sinta
Minhas doces cicatrizes
Sei que pedi a ti: "por favor, para mim, não mintas"
Oh céus, Oh cruzes!
Se for embora, por favor a mim minta.

Estou destroçada
Tua ausência me enlouquece
Porque me reviver
Se estará a me deixar morrer?